O
presidente da República Bolivariana da Venezuela, Hugo Chávez,
aniversaria nesta sábado (28), quando completa 58 anos. Dez dias antes, o
líder da Revolução cubana, Fidel Castro, enviou-lhe carta em que
expressa sentimentos de amizade e, embora em poucas palavras, faz
profundas reflexões políticas e ideológicas. Leia a íntegra.
Querido Hugo, te escutei hoje pela tarde
quando falaste em Guárico, surpresa total, pensei que o farias em
Barinas, boa tática, o fator surpresa desconcerta a aliança, nada
subestimável, dos ianques e oligarcas na Venezuela.
Soube assim, por essa via, que dentro de
10 dias completarás 58 anos. Tinha alguma dúvida sobre o número exato
de anos que somarias nessa data, pensava que talvez fosse 59, de todas
as formas nesse dia não te felicitarei por teu 58° aniversário, já que o
faço agora mesmo, com o invariável e sincero afeto de sempre.
Creio que eu já era velho quando fiz
algumas coisas que muitas pessoas atribuíam simplesmente a minha
juventude. Certamente é uma vergonha que tivesse perdido tanto tempo
quando terminei o ensino médio, ao que se acrescentou um ano até somar
doze, já tinha completado 19 anos e não tinha nem sequer noções da
disciplina e experiência militar. Tu, ao contrario, já estavas graduado
como oficial da Academia Militar.
Menos mal que os medíocres políticos
burgueses da Venezuela admitiam que um cidadão, apesar de sua condição
social e origem étnica, podia ser guardião da ordem oligárquica,
confiavam em que o dinheiro, as honras e o interesse pessoal
prevaleceriam na instituição militar de um país latino-americano.
Durante quase 200 anos congelaram os
sonhos do Libertador, que desta vez voltaram a ter vigência plena
somente 210 anos depois e quando o mais poderoso império já era dono do
mundo.
Eu tinha 26 anos quando ocorreu o golpe
militar pró-ianque de Batista, partindo somente das ideais investi um
ano, quatro meses e 16 dias em organizar, treinar e armar os jovens
patriotas que atacaram os quartéis de Santiago de Cuba e de Bayamo.
Quando tu tinhas a mesma idade, já
possuías um nível de conhecimentos militares e políticos, em especial os
que emanavam das ideias de Miranda, de Bolívar e de toda uma geração de
patriotas que escreveram uma das mais brilhantes histórias do planeta
em prol da liberdade e da justiça para os povos oprimidos.
Assombra-me como ainda hoje seguimos
aprendendo com eles, especialmente tu que representas o povo bolivariano
neste instante singular de sua história. 58 anos não é nada, Hugo, eu
que tenho quase 28 anos mais, vivi uma parte importante dos últimos 100
anos posso dar fé do que significa o tempo nesta época.
Honra especial merece o povo venezuelano
por sua imensa capacidade de compreender a façanha que leva a cabo
junto a ti. Não importa que minhas mensagens se acumulem, algum dia
talvez tenham determinado valor como testemunho desta época singular que
ambos os povos, me atreveria a dizer, nosso único povo, o de Bolívar e
Martí, está vivendo.
Até a vitória, sempre!
Fidel Castro,
18 de julio de 2012
Fidel Castro,
18 de julio de 2012
Fonte: Vermelho
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