quinta-feira, 4 de julho de 2013

Mais de 800 médicos fazem manifestação no Recife em defesa do Revalida

Sob uma chuva fina, com faixas, cartazes, distribuição de panfletos para a população, mais de 800 médicos pernambucanos ocuparam a Avenida Agamenon Magalhães, no bairro do Derby, área central do Recife, na tarde desta quarta-feira (03/07) em adesão ao Movimento Nacional de 24 de horas Paralisação. A segunda manifestação da categoria em Pernambuco foi para protestar contra a crise da saúde pública, a falta de condições de trabalho, concurso público e, sobretudo, a  importação de médicos estrangeiros para o Brasil sem a revalidação do diploma pelo Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos, o Revalida.
O ato foi organizado pelo Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe), o Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe), Associação Médica de Pernambuco (AMPE) e Associação Pernambucana de Médicos Residentes (APMR) que, pela manhã concederam entrevista coletiva, e explicaram os motivos da paralisação, com foco principal para as recentes medidas adotadas pelo Governo Federal para resolver os problemas da saúde.
A concentração da categoria começou por volta das 14h, na Praça do Derby, e em seguida houve apresentação de esquete do Grupo de Teatro da TV Sindical que chamou a atenção de profissionais, estudantes de medicina e transeuntes. Muito humor, espontaneidade e críticas à presidenta Dilma Rousseff e ao ministro da Saúde, Alexandre Padilha, marcaram a participação do grupo com a plateia.
Entidades esclarecem
Por volta das 10h as entidades médicas do Estado reuniram a imprensa em uma coletiva. O objetivo era esclarecer o posicionamento do grupo em relação à proposta da presidenta Dilma Rousseff de trazer médicos estrangeiros para trabalharem no interior do país. Compuseram a mesa representantes do Simepe, Cremepe, APMR (Associação Pernambucana dos Médicos Residentes) e da Ordem dos Advogados de Pernambuco (OAB-PE). A coletiva aconteceu no auditório do Sindicato dos médicos, na Boa Vista.
As entidades são contrárias a forma que está sendo colocada esta “importação” de médicos. Para a presidente do Cremepe, Helena Carneiro Leão, os CRM’s estão unidos nesta luta. “Somos contrários a contratação de qualquer profissional médico de outra nacionalidade sem que seja cumprida a lei, sem que eles se submetam ao exame que já é determinado pelo próprio governo federal nos moldes atuais, o revalida” explicou.
Os médicos ainda esclareceram que não faltam profissionais no país, o que faltam são condições de trabalho. Além disso, qualquer profissional que venha trabalhar no Brasil precisa revalidar o diploma, os médicos não devem ser diferentes. Diante disso, a OAB-PE se posiciona em favor das entidades médicas, uma vez que trazer médicos sem o revalida seria contra as leis do país. “Se esses profissionais não passarem pelo exame do revalida haverá uma ilegalidade. É preciso garantir à população que esses profissionais atendam os pré-requisitos técnicos, de qualidade na sua formação e que atendam os requisitos de comunicação, entendam o nosso idioma” explicou Eduardo Dantas, presidente da Comissão de saúde da Ordem dos Advogados de Pernambuco.
Por fim, o diretor de comunicação do Sindicato, Sílvio Rodrigues, explicou que o momento com a imprensa era só o começo, já que os profissionais estavam mobilizados para ir para rua. “Buscamos mostrar que ainda não tivemos nenhuma resposta nem do governo federal, nem do estadual. Nenhum posicionamento concreto sobre a carreira de estado do médico, sobre o revalida e o financiamento da saúde” afirmou. Ainda segundo Rodrigues, já existem esboços das discussões na Assembleia Legislativa e no Congresso Nacional a respeito dos temas e o movimento esta sendo bom para acelerar medidas que estavam engavetadas.
Revalida e mais investimentos
O presidente do Simepe, Mário Jorge Lobo, cobrou, mais uma vez, dos gestores  da saúde, carreira de estado, concurso público, plano de cargos de carreira e vencimentos (PCCV) para profissionais e 10% do PIB (Produto Interno Bruto) em investimentos na saúde. Em relação à importação aos médicos estrangeiros, Mário Jorge enfatizou que as entidades médicas não são contra a vinda de médicos formados no Exterior, desde que realizem a prova de revalidação de diplomas desses profissionais formados no exterior (Revalida) para fazerem um atendimento de qualidade. “Exigimos transparência, respeito e diálogo da presidenta Dilma Rousseff e dos governantes para com os médicos brasileiros”, acentuou.
Ás 15h30, centenas de profissionais, residentes, estudantes de Medicina saíram em passeata e ocuparam os dois sentidos da principal avenida da cidade. Durante 10 minutos, um grupo de manifestantes ficou parado no trecho da Agamenon no sentido Derby/Boa Viagem, e exibiu faixas denunciando a falta de compromisso e o descaso com a saúde pública. Logo depois, os médicos foram para a faixa contrária, sentido Boa Viagem/Olinda, onde seguiram com gritos de ordem e retornaram no Parque Amorim. A chuva fina não arrefeceu os ânimos dos manifestantes que cantaram, também, os hinos de Pernambuco e do Brasil. Momento de emoção na frente do Hospital da Restauração (HR), quando funcionários e pacientes da unidade de saúde estadual colocaram lençóis brancos pela janela em total apoio a mobilização. Em agradecimento, os médicos bateram palmas e fizeram gestos de positividade. O movimento voltou até a  Praça do Derby.
A passeata foi encerrada, às 16h40,na área externa do Memorial da Medicina, com agradecimentos e informes do presidente do Simepe, Mário Jorge Lobo. “ Parabenizamos todos (as) que estiveram presentes nesta grande mobilização. A nossa categoria mostrou novamente disposição, união e força. E vamos continuar firmes nessa luta em defesa dos interesses dos médicos e da população. Na próxima quarta-feira, 10 de julho, temos assembleia geral, às 14h, dos médicos das redes estadual e federal, bem como da Prefeitura da Cidade do Recife. Vamos discutir os novos rumos do movimento. Iremos à luta, sempre”, declarou.

Fonte: Simepe

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