sexta-feira, 1 de junho de 2012

UNE e UEE-SP promovem atos contra o sucateamento das particulares


A União Nacional dos Estudantes (UNE) e a União Estadual dos Estudantes de São Paulo (UEE-SP) vêm promovendo uma série de manifestações para denunciar o sucateamento das universidades e faculdades privadas no estado. Três instituições de ensino superior já foram alvo de atos públicos: Anhanguera Educacional, Universidade São Marcos e Universidade Nove de Julho (Uninove). Outras estão na mira dos estudantes, que querem dar um basta ao apetite dos "tubarões do ensino".


Na Uninove, que possui 450 mil estudantes matriculados, as ações começaram nesta semana e outras estão programadas para acontecer. "Há aumentos abusivos de mensalidade. Em média, o aumento é de R$ 100, ao ano, em cada curso, muito acima da inflação", denuncia Laís Gouveia, representante da UNE em São Paulo e diretora da UEE-SP. 

Laís é quem vem sacudindo a juventude na porta das universidades. Na noite de quarta-feira (30), foi a vez dos universitários do campus Vila Maria promoverem uma grande mobilização pacífica, que reuniu mais de 500 pessoas.

Mais uma vez, os apitos, narizes de palhaço e cartazes entraram em cena e, a partir das 20h, junto aos gritos de “chega de aumento”, ocuparam o campus da universidade. Ao mesmo tempo, um “tuitaço” mobilizou a rede social Twitter com a hashtag #UninoveNÃOé10.

Além de provocar a evasão, prejudicando a permanência dos estudantes no ensino superior, Laís explica que o aumento não oferece os investimentos necessários para a estrutura da universidade, como bibliotecas, novos equipamentos para laboratórios, corpo docente qualificado e atendimento. 

A Uninove é o terceiro maior grupo educacional do país, sendo a maior instituição de ensino superior privado em São Paulo, formada por mais de 100 mil alunos.

Mobilizações em todo país

As manifestações acabam se concentrando em São Paulo já que é o estado que possui o maior número de universidades no país. Mas, outras ações estão sendo planejadas nas diversas regiões brasileiras, que devem acontecer ao longo de todo o ano de 2012.

"Não existe outra saída para resolver o problema senão regulamentar o ensino privado. Por isso, a UEE-SP protagoniza essa jornada de luta denunciando os tubarões do ensino privado, que estão levando à baixa qualidade na infraestrutura, no conteúdo de sala de aula, já que estão sendo contratados professores sem mestrados e doutorados", lamenta Laís Gouveia.

Outros muros

Outras instituições privadas são alvos dos protestos como a Universidade São Marcos, que foi descredenciada pelo Ministério da Educação, tinha 1.300 alunos em São Paulo e 800 em Paulínia (no interior), e está sob intervenção judicial e em processo de readequação às normas do ministério. "Por má gestão eles têm até junho para formar todas as turmas", declarou a representante da UEE-SP e UNE.

A Ananhanguera Educacional vem adquirindo outros estabelecimentos de ensino superior, como a Uniban, e incorporando-as em seu modus operandi. "Eles demitiram mais de mil professores, mestres e doutores. Reduziram a grade curricular e sucatearam a infraestrutura. Há telhados em péssimo estado de conservação, salas de aulas improvisadas de maneira precária, entre outros fatos graves constatados e que estamos denunciando", completou a diretora da UEE-SP.

A Anhanguera Educacional e a Uninove foram procuradas, mas até o fechamento não retornaram. Os responsáveis pela Universidade São Marcos não foram localizados.

Aberração

A São Marcos virou notícia novamente por conta de sua má gestão e práticas duvidosas. Ossadas foram encontradas enterradas no terreno da instituição de ensino na quinta-feira (31). Eram de cadáveres usados para estudos em aulas de anatomia. A polícia descobriu os restos mortais após uma denúncia anônima. Ao todo, foram localizados 15 crânios, quatro fetos e partes de corpos.

Segundo a reitoria, os corpos pertenciam ao laboratório de anatomia da instituição há 20 anos, mas estavam contaminados por fungos por falta de manutenção, porque o local já havia sido desativado há dois anos. A reitora teria pedido que os ossos fossem enterrados em um cemitério, em abril deste ano. 

Uma moradora próxima da universidade contou à polícia que vinha sentindo mau cheiro vindo da instituição, mas pensou que fosse do bueiro. Uma aluna da instituição, que estuda em uma sala em frente ao local onde os ossos foram enterrados, ficou escandalizada com a história. Ela já não tem mais certeza se vai conseguir o diploma.



Fonte: Vermelho

Nenhum comentário:

Postar um comentário