terça-feira, 10 de abril de 2012

Diploma, para que te quero?

  O caminho mais fácil (e que angariar mais votos) é sempre a melhor escolha, esse é o pensamento da esmagadora maioria de políticos em nosso Brasil...

É impressionante como as medidas adotadas por esses “ILUSTRES” governantes são sempre as mais “simples” e menos eficazes!Vivemos num país que sofre muito com a qualidade da assistência a saúde prestada a população, mas será que nosso problema é o número de médicos? Que fique claro que nosso país, que está longe de ter uma saúde de qualidade e de ter uma distribuição uniforme em relação a médicos e população, possui, por incrível que pareça, número de médicos parecido com o de países que possuem um sistema de saúde eficiente e que é considerado como sendo de primeiro mundo. Não possuímos a pior colocação em relação ao número de médicos e habitantes, longe disso, inclusive! O que temos é um verdadeiro embate a travar: a distribuição de nossos profissionais! O que vai de encontro ao que o governo costuma pregar, que nosso problema é quantitativo. Mas, sim, QUALITATIVO e em várias esferas estruturais!

Governantes gostam é de “falsas” mudanças, para que a população se iluda de que algo está acontecendo, gostam é de coisas palpáveis! O que dá voto é HOSPITAL CONSTRUIDO, NÃO HOSPITAL REFORMADO! Essa é a triste realidade que vivemos. O impacto de um hospital erguido é muito diferente quando comparado à reforma, a melhorias, à abertura de novos leitos, a compra de medicamentos e de suprimentos médicos, a contratação de material humano...

Uma matéria publicada nessa quarta-feira, 04de abril de 2012, pelo Correio da Paraíba mostra o quanto é preocupante a situação de saúde de nosso país, além do quanto será lesada a população com essas “falsas” promessas de melhorias na saúde!

Segundo o jornal, profissionais formados em outros países poderão ser dispensados da validação do diploma para poderem atuar como médicos em território nacional! Será que tal medida beneficiará a população e será a saída para nosso problema de saúde? Será que com a banalização da graduação das escolas médicas brasileiras, teremos mudança de qualidade assistencial em saúde? Diploma? Para que? Esse será o pensamento de muitos daqui a algum tempo! Para que não julguem como jogo de oposição, declaro-me como eleitor na última votação de nossa “ilustre” e, então, presidenta Dilma.

Para um governo, que diz protecionista e está encabeçando mudanças que refletirão diretamente na saúde de nosso povo, o aumento de IPI (como proteção aduaneira de impostos), só existe para proteger interesses bilionários de montadoras ou indústrias que exploram nossos pais com baixos salários e de LARGA MARGEM de lucros?! Tudo isso em cima de produtos de péssima qualidade e que de outro lado vemos produtos importados com superior qualidade e preços atraentes, sofrendo o embargo de impostos para perder a competitividade, porém tal assunto ficará para uma outra discussão...

Como dizia: Protecionismo só existe para proteção de cofres, o protecionismo a vida, a saúde, esse nãoexiste!! Protecionismo a dedicação, ao suor, ao intelecto, aos bons valores, pra que isso? Se num primeiro momento não trará dinheiro ou votos?!?

Como é esses administradores podem menosprezar tanto a formação de um profissional?Profissional, esse, que tanto estudou e se dedicou por um país que não o vê da mesma maneira? Essa realidade só pode existir num país no qual um professor – responsável pela formação e alicerce de TODA sociedade - recebe pouco mais que 800,00 R$ num país onde um policial – que arrisca sua vida e de sua família – recebe um salário BEM próximo do mínimo (e que, por isso, também, é muitas vezes abduzido pela criminalidade, a fim de prover melhores condições de vida a seus filhos), tal realidade, bem próxima da surreal, só existe num país, no qual, uma inversão preocupante de valores é uma realidade!

Nossa preocupação maior é produzir estádios (não que não goste de futebol,pois gosto e acredito no poder benéfico de atividades lúdicas) e gastar bilhões em construções que duraram pouco mais de um mês (tempo de duração de nossa copa)! Toda essa produção será devido a dinheiro desviado, investido em obras sem serventia no futuro e que poderia ser investido, para que AQUELE professor, ou AQUELE policial, ou AQUELE enfermeiro, AQUELE médico, AQUELE motorista e tantos outros “AQUELES” pudessem ter melhores condições de vida, dignidade e reconhecimento por seus esforços!

Quem irá regular a formação desses médicos graduados no exterior? Quais os requisitos e pontos que servirão como parâmetros para aceitarmos esses diplomas? Posso aconselhar o governo e sugerir a abertura de cursos técnicos em medicina, pelo correio, pela internet, por vídeos aula, vídeos conferência ou qualquer coisa do tipo – contanto, que seja rápida, simples e superficial -. Estamos brincando com o que é o BEM MAIOR - NOSSAS VIDAS! Nossa saúde, nosso bem-estar, nada suplanta a importância desse bem.

Estamos literalmente, “rasgando” os diplomas de médicos que se esforçaram muito para conseguir o tão sonhado canudo. Alguns países que não possuem NENHUMA ou pouquíssima estrutura, nem deformação, nem de atuação de médicos, aceitam, por força das condições impostas diplomas de médicos estrangeiros. Para que esses ajudem a consolidar e melhorara assistência a saúde desses países sofridos.

Porém esse não é nosso perfil, temos, SIM, médicos – e de ótima qualidade-, só precisamos oferecer condições para que possam trabalhar dignamente. Melhorar condições de infraestruturais e ofertas de salários e condições trabalhistas (carga horária, direitos, férias etc), para esses sejam ATRAÍDOS a trabalhar no interior do país... Todo país com integridade e que visa o crescimento protege seus graduados, seus “cérebros” – pois são esses os verdadeiros combustíveis de crescimento - e não banalizam suas formações, permitindo a entrada indiscriminalizada de diplomas de outros países com qualquer formação sem o menor controle! E a incompatibilidade de currículos? A carga horária? E tantos outros problemas que devem ser levados em conta no momento de avaliação de diploma, esses deixam de ser importantes?

O sentimento que me resta é de vergonha- apesar de viver num país de maravilhosas condições climáticas e territoriais, de um povo alegre e batalhador, um país com muito dinheiro e potencial de crescimento – somos, apesar de trabalhadores, manchados com o descaso, podridão e ganância de nossos governantes...

Espero de coração que nosso povo nãosofra com essa entrada indiscriminada de profissionais, que cuidaram da saúde de seus pais, de seus filhos e de sua própria saúde!
E o que fica é: Para que diploma? Para que tanto esforço para passar por seleções desumanas? Para que fazer medicina? Já que posso pagar um curso qualquer, num país qualquer e ainda fazer turismo?

Júlio Monteiro
(Aluno do 12º PERÍODO do Curso de MEDICINAda UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO)
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Júlio Monteiro

Veja abaixo a foto da matéria:

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