sexta-feira, 14 de outubro de 2011

18 de Outubro, Dia do Médico: O Que Comemorar Nesse Dia?

O conceito de Medicina tradicional refere-se a práticas, abordagens e conhecimentos, incorporando conceitos materiais e espirituais, técnicas manuais e exercícios, aplicados individualmente ou combinados, a indivíduos ou a colectividades, de maneira a tratar, diagnosticar e prevenir doenças, ou visando a manter o bem-estar.


Já o conceito de saúde, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), não é apenas a ausência de doença. Consiste no bem-estar físico, mental, psicológico e social do indivíduo. É um estado cumulativo, que deve ser promovido durante toda a vida, de maneira a assegurar-se de que seus benefícios sejam integralmente desfrutados em dias posteriores. Nesse contexto, diretrizes de organizações supra-nacionais compostas por eminentes intelectuais do globo relacionados à área de saúde estabeleceram um novo paradigma de abordagem em medicina.


A medicina é uma das muitas áreas do conhecimento ligada à manutenção e restauração da saúde. O médico passa a se tornar um dos profissionais responsavéis pela saúde do indivíduo. No entanto, o SUS, nosso sistema de saúde, vem mostrando suas limitações, os quais ameaçam o trabalho médico e as escolas médicas.


Formar médico é caro, a mensalidade mais cara é do Centro Universitário de Belo Horizonte: R$ 7.143,50 e a mais barata é da Escola Bahiana de Medicina: R$ 2.075,00. As duas universidades que mais formam médicos são, respectivamente, a Universidade Gama Filho no Rio de Janeiro, com 400 vagas anuais, e a Universidade Federal de Minas Gerais com 320 vagas anuais. Já a Universidade do Estado do Rio Grande do Norte em Mossoró com somente 26 vagas/ano, é a que menos forma médicos. E então, o que dizer da concorrência no vestibular? Essa diferença só mostra que a classe média concentra nas mãos os cursos de medicina, principalmente o Sul e o Sudeste. Formação médica é o resultado da política pública de saúde somada com o empenho do estudante e a gestão universitária. A política pública de saúde, sendo precária, dificulta o acesso adequado aos espaços pelos estudantes, como resultado dos maus treinamentos vem a agressão aos pacientes.


 Se formar médico é caro e desigual, imagina sua distribuição? A desigualdade na distribuição de médicos no Brasil acompanha outros abismos sociais existentes no país. Há cerca de 347 mil médicos espalhados por todo o Brasil, um médico para cada 549 brasileiros, índice superior ao recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), um para cada mil pessoas. Sete em cada dez profissionais habilitados para atuar no país trabalham nas regiões Sul e Sudeste. Com isso, enquanto no Rio de Janeiro há um profissional para cada 289 habitantes, no outro extremo, os maranhenses dispõem de um médico para cada 1.848 pessoas. Se o médico não tem boas condições de trabalho e péssima remuneração para o seu ambiente, a primeira relação afetada é a do médico-paciente e depois a do médico-equipe e por último a do médico-patrão. Nessa situação o médico fica vulnerável a desenvolver Síndrome de Burnout, depressão que atinge a maioria dos trabalhadores.


Ainda falta tempo para essa data comemorativa, mas nunca é tarde para colocar os problemas sociais da saúde enfrentados pelos médicos nos dias de hoje. Dia do médico é todo o dia ao lado do paciente, lutando pelos seus direitos trabalhistas e sociais da nação. Escolher uma data para se comemorar, é achar que o trabalho daquele profissional tem que ser lembrada naquele dia. Não precisamos de data comemorativa, precisamos de dignidade no trabalho e nas escolas médicas para não “vitimarmos” o paciente.

                           William Silva Vieira

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