terça-feira, 25 de outubro de 2011

Movimento Armorial – 40 anos

Foi uma iniciativa caracterizada pela originalidade, uma síntese de valores populares a denominada Arte Armorial Brasileira, inspirada pelo romancista e dramaturgo Ariano Suassuna, que veio a público em 18 de outubro de 1970, com uma exposição de artes plásticas e um concerto no Pátio de São Pedro, no centro do Recife.

O objetivo principal era a valorização da cultura popular do Nordeste,  com vistas a uma arte brasileira erudita a partir das raízes populares da cultura do País. “Sendo armorial o conjunto de insígnias, brasões, estandartes e bandeiras de um povo, a heráldica é uma arte muito mais popular do qualquer coisa”.

Assim, o nome adotado significou o desejo de ligação com essas heráldicas (arte ou ciência dos brasões) raízes culturais brasileiras. O Movimento nasceu abrangente, interessado pela pintura, música, literatura, cerâmica, dança, escultura, tapeçaria, teatro, gravura e cinema.

Foi um momento de afirmação nacional opondo-se à penetração estrangeira e à cultura de massa. A Arte Armorial Brasileira, conforme afirmou o escritor Ariano Suassuna, possui um traço principal de ligação com o espírito mágico dos “folhetos” do Romanceiro Popular (a Literatura de Cordel), com a música de viola, rabeca ou pífano que acompanham seus “cantares”, e com a xilogravura que ilustra suas capas, assim com o espírito e a forma das Artes e espetáculos populares (Jornal da Semana – Recife - 20 de maio de 1975).

A importância dos folhetos do romanceiro popular nordestino, a denominada literatura de cordel explica-se porque eles são a fonte de uma arte e uma literatura que expressa as aspirações e o espírito do povo brasileiro, reunindo, ainda, três formas de arte: as narrativas de sua poesia, a xilogravura constante de suas capas e a música, por intermédio dos cantos dos seus versos, acompanhada por rabeca ou viola, no dizer de Lúcia Gaspar, bibliotecária da Fundação Joaquim Nabuco.  

Outros elementos compõem o Movimento Armorial, a exemplo dos espetáculos populares do Nordeste, encenados ao ar livre, com personagens míticas, cantos, roupagens principescas costuradas a partir de farrapos, músicas, animais misteriosos como o boi e o cavalo-marinho do bumba-meu-boi. O mamulengo ou o teatro de bonecos também são fonte de sua inspiração.

Grupos como o Balé Armorial do Nordeste, a Orquestra Armorial de Câmara, a Orquestra Romançal e o
Quinteto Armorial e inúmeros intelectuais, pintores, ceramistas, gravadores completam esse amplo mosaico imaginado e posto em prática por Ariano Suassuna, detentor de uma visão da verdadeira nação que somos todos nós brasileiros.

fonte: FolhaPE

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